
Pensar em Another year como um grito é coisa de estranhar. No máximo seria um sussurro mesmo na porta do ouvido. Mas, apesar de abafado pela elegância, este último filme de Mike Leigh clama na forma possível [clama o quê?, já lá vamos]. Happy-go-lucky era por si, e pelo título, um filme que ia puxar o bem-estar a uma cinematografia sisuda e depressiva. Muitos críticos, espantados com aquela alegria de viver (de um cineasta tão cabisbaixo) acharam o filme irritante, a cada riso da Sally Hawkins eles rosnavam na cadeira, a cada episódio (mais ou menos) hilariante, uma gota de suor descia-lhes pelas costas.
A meu ver, Leigh está numa fase da vida (e portanto do seu cinema) em que as coisas não precisam de ser escuras para serem respeitáveis. Leigh acha, neste filme, um equilíbrio entre estas duas posições da vida que invariavelmente se resumem ao claro/escuro. Não sendo um filme bonacheirão é um filme que gosta de dar umas risadinhas, e beber um copo de vinho, não (ler)
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